Povos: a sustentação do Cerrado
Diante de tantas ameaças ao Cerrado, povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares são os grandes responsáveis por manter o Bioma em pé, como a comunidade de Dona Lúcia e das mulheres Kalunga. São esses grupos que nos ensinam a conviver com respeito e sabedoria no ambiente que nos cerca.
Onde há vegetação do Cerrado conservada é onde estão os povos e as comunidades tradicionais e os agricultores familiares. São indígenas, quilombolas, pescadores e pescadoras artesanais, geraizeiros, comunidades de fundo e fecho de pasto, vazanteiros e tantos outros que, por várias gerações, desenvolveram formas sustentáveis de ocupar seus territórios. Com seus sistemas agrícolas primorosos e em forte conexão com as paisagens do bioma, eles e elas também nos mostram rica cultura, danças, cantos e rituais ligados aos seus modos de vida tradicionais.
Os meios de vida desses moradores e moradoras do Cerrado proporcionam uma paisagem onde convivem áreas de roça, moradia, pasto e grandes áreas de vegetação nativa. Muitas vezes, esses territórios são responsáveis pela conexão entre áreas protegidas ou remanescentes. Eles contribuem assim com a conservação da biodiversidade, viabilizando a manutenção dos serviços ecossistêmicos do bioma, como produção de água, polinização, estoque de carbono, fluxos genéticos, entre outros.
São comunidades como a de Dona Lúcia e das mulheres Kalunga que garantem a diversidade na mesa do brasileiro e a conservação do Cerrado – além de outros Biomas. A agricultura familiar é responsável por 70% da produção que alimenta a população do Brasil. É ela quem proporciona a base da alimentação nacional, como feijão, arroz, macaxeira, frutas e tantos outros. É o trabalho feito pelos povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares que permeiam as feiras agroecológicas e orgânicas, garantem segurança alimentar, e ensinam ao país e ao mundo que é possível gerar renda conservando os recursos naturais.